terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cão De Morte



Nesse mar de sonhos,
tu flutuas a imaginação,
não aguentaste a mesma canção,
desamaste sem razão.

Estrangulei a emoção,
fustiguei o meu coração,
Embalei-te como um cão
a lenga-lenga da quarta estação.

Agora... canto sem emoção,
nas horas do recobro,
Abro a janela num sopro,
logo perco a respiração.

Ão Ão... Ão Ão,
nesse tom de razão,
ladra ofegante na prisão
a sua rouca solidão.

domingo, 24 de outubro de 2010

Guerra De Flores



Dois dias e um selvagem,
touro enraivecido sem viagem,
Perdeu a mestria do coração,
Ganhou a força da religião.

Abro as mãos... transparentes,
Abraço-me sem querer,
Afogo-me neste meu ser...
Desperto a morte que sentes!

Sem conteúdo... apenas moldado,
pela forma humana que esculpiste,
sou o animal que arruinaste
Sou um homem tornado soldado.

Nas trincheiras adormeço
esta guerra de flores,
batalha de aromas e fedores,
amores e doenças que padeço.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Fogo da Alma




O investimento da sabedoria
não cabe na mão de uma vida,
a gente é distraída... primária,
Animais falantes de palavra falida.

A quem nós rasteiramos,
é de quem dependemos,
no vazio traímos,
a ausência de quem seremos.

Este surto eufórico de calor,
tão depressa arrefece,
tão devagar se esquece,
como paixão caída em desamor.

O entendimento volátil arrelia,
é como pedra desfeita em areia,
lá cresce água queimada,
e se cultiva o fogo da alma.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O Real No Todo




Julgamos nós perceber do que vivemos,
coitados daqueles... colados ao vento,
Ofereço-lhes um sarcasmo de contentamento,
Caramba! eu desenrolo os descabimentos.

este sentir do momento,
coração que se abre sozinho,
persegue lento seu caminho
contra esse vento ciumento.

mais vale um sonho num canto,
que o real no todo,
delicia-se o rapazinho,
sozinho e triste no seu lodo.

quem nos dera a nós!
acompanhá-lo a sós,
cambada de virgens de alma...
vendem tudo o que é chama!

e depois vem o agora,
porra! não estava previsto,
perdeu-se o sonho de outrora
ficou o canto no seu triste...